El regreso de las víctimas. Reconfiguraciones en el procesamiento público de la inseguridad en la actual coyuntura política nacional (2016-2017)
Abstract
La presidencia de Mauricio Macri, al menos hasta el momento, parece sentirse cómoda hablando de inseguridad. Esta comodidad se contrapone a lo sucedido durante los gobiernos de Néstor
Kirchner (2003-2007) y Cristina Fernández (2007-2015), cuando la marginación de la inseguridad en su agenda contribuyó a restarle peso en el debate público. Constituyen expresiones de
esta renovada centralidad el proyecto en boga para endurecer el Código Penal (que, entre otros
cambios relevantes, ofrece un lugar nuclear a las víctimas en el proceso judicial) y la promoción
del uso letal de la fuerza policial. En este contexto, el presente trabajo se propone examinar, a
partir del análisis del tema en la prensa nacional y de la participación en acciones colectivas en
demandas de seguridad, la nueva centralidad otorgada a ciertas víctimas del delito, algunas de
las cuales directamente pasaron a formar parte del armado de Cambiemos, como la actual legisladora Carolina Píparo o los miembros de la organización oficialista Usina de Justicia. Mauricio Macri’s administration, for the time being, appears to feel comfortable discussing the
topic of insecurity. In contrast, the administrations of Nestor Kirchner (2003-2007) and Cristina
Fernández had marginalized the issue from the political agenda and, in doing so, sidelined it
from the public debate. Now that the topic is under the spotlight, new political expressions have
emerged, including a project to harshen the Penal Code (by, for example, placing victims at the
center of the judicial process) and the promotion of lethal police force. In this context, we examined
the new centrality given to crime victims, thanks to increased press coverage and their
participation in collective security demands. Indeed, many of these victims are now part of the
current government, such as legislator Carolina Píparo and the members of the Usina de Justicia
organization. O governo de Mauricio Macri, pelo menos por enquanto, parece à vontade falando sobre insegurança.
Esse conforto se opõe ao que aconteceu durante os governos de Néstor Kirchner (2003-
2007) e Cristina Fernández (2007-2015), quando a marginalização da insegurança na agenda
do governo ajudou a reduzir o peso no debate público. O projeto em voga para modificar o
Código Penal (que, entre outras mudancas relevantes, oferece um lugar nuclear às víctimas no
processo judicial), a recepção na Casa Rosada de policiais que ilegalmente matam criminosos, a
retirada de fundos do Ministério da Educação para redirecioná-los ao portfólio de segurança e
políticas públicas voltadas à criminalização do espaço público, são expressões dessa centralidade
renovada. Nesse contexto, o presente trabalho pretende analisar, a partir da análise do tema na
imprensa nacional e da participação em ações coletivas em demandas de segurança, uma nova
centralidade concedida a certas vítimas de crime, alguns dos quais diretamente se tornaram
parte do armamento de Cambiemos, como a atual legisladora Carolina Píparo ou os membros
da parceria oficial Usina de Justicia